No dia 8 de novembro, às 15 horas, o Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação integra a agenda dos eventos celebrativos que marcam os 50 anos da Associação Catarinense dos Artistas Plásticos (Acap), entidade criada em 1975, em Florianópolis, para fortalecer o cenário das artes visuais do Estado. O lançamento do livro “Memória, Legado e Resistência – 50 Anos da Associação Catarinense dos Artistas Plásticos” (selo Acap) aproxima a jornalista Néri Pedroso e a professora doutora Francine Goudel. A publicação integra-se ao Circuito Catarinense de Cultura PNAB/SC – 2024, legitimado pelo governo de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), com recursos do governo federal e da Política Nacional Aldir Blanc.

Com 142 página, formato 20×20 cm, o livro se constitui de cinco artigos, os quatro primeiros frutos da pesquisa da jornalista: “Vidas, Cidade e História”, “Anos 1970 e Os Fundadores: Gênese”, “Trocas Transregionais e Transnacionais”, “Instauração de Novos Códigos”, e o último – “O Percurso de Autonomia da Arte”, em que Goudel, autora convidada, chama a atenção para o jogo de circulação que a obra institui no sistema de arte composto por diferentes agentes e instituições que, juntos, legitimam a produção artística. Raros, escreve ela, são os escritos sobre o percurso da obra dentro da lógica das instâncias formativas de um mercado de arte que se articula de modo regionalizado e também com influências nacionais e internacionais. O trabalho associativo da Acap, segundo ela, se insere nos anos 1970 na onda moderna tardia, um segundo momento moderno em Santa Catarina que possibilita um vigor, um panorama fértil determinante para a década seguinte.

Com base no arquivo da Acap e em análises bibliográficas, Pedroso escreve sob o prisma da ideia do associativismo, de território e pertencimento, um campo de acontecimentos, de discursos, vidas e atuações, obras e fontes textuais, registros cartoriais, cartas e telegramas, fotografias e documentos. “Nos interstícios do tempo, o papel dos artistas, das instituições, do mercado, das iniciativas de formação técnica e emancipadora, da função da arte e da crítica, uma experiência humana que ajuda a renovar o campo simbólico, com avanços e recuos, capaz de produzir identidade e memória coletiva”, situa ela, lembrando que a longeva iniciativa acaba por influenciar outras cidades de Santa Catarina que seguem até hoje o seu modelo. “No DNA dos fundadores, no empenho criativo e intelectual de cinco décadas, o trabalho e o estímulo inaugural de carreiras proeminentes da cena da arte moderna e contemporânea do Estado”, diz ela.

A publicação bilingue em inglês, com tradução de Samantha Hoffmann, revisão de Denize Gonzaga e projeto gráfico de Julia Steffen, também inclui uma galeria, um serviço em que apresenta com foto todos os que presidiram a entidade, uma relação da atual diretoria e o nome artístico dos 47 associados na atualidade.

Gelsyr Ruiz, presidente da entidade, vê o livro como um sonho coletivo realizado, uma ideia gestada há mais de dez anos em atuações de diretorias anteriores e que só agora, por meio do edital da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB/SC), alcança a necessária concretude. De acordo com ele, trata-se de uma ferramenta, um documento que “permite olhar para a história construída por centenas de artistas, no esforço individual de muitos, no desejo de aprendizagem e encontro, na crença de que a arte é transformadora. Com altos e baixos, momentos mais significativos, outros nem tanto, a Acap segue firme nos propósitos dos seus idealizadores em 1975, tendo uma atuação intensa e muito trabalho em favor do desenvolvimento cultural da cidade”.

A torcida da equipe envolvida, dos autores e associados é que o empenho em torno da publicação resulte em novas pesquisas, pois, pelo seu formato e realização em curto tempo, o livro resulta como um ativador de questões e memórias sobre o circuito de arte. Neste sentido, Ruiz inclusive convida os interessados em escrever depoimentos sobre a sua participação na Acap, “estamos dispostos a condensar um arquivo nesta perspectiva e quem sabe, ativar um novo projeto memorialísticos”.

 

Sobre a Acap

Entidade criada em 18 de março de 1975 pelos artistas Franklin Cascaes (1908-1983), Eli Heil (1929-2017), Ernesto Meyer Filho (1919-1991), Martinho de Haro (1907-1985), Max Moura (1949-2009), Pedro Paulo Vecchietti (1933-1993), Rodrigo de Haro (1939-2021) e Vera Sabino. Os chamados artistas fundadores, de modo coletivo ou individual, representam um legado inserido na história da arte de Santa Catarina, despontam no inventário nacional do patrimônio artístico com vida e obras destacadas na museologia, no mercado e em bibliografias. A Acap, hoje presidida por Gelsyr Ruiz e Maria Esmênia, vice-presidente, segue atuante no propósito de formação e divulgação das artes visuais. Neste ano ativou uma agenda que se sustenta na memória, tradição e contemporaneidade, realizando um conjunto de exposições para homenagear os fundadores junto a outras instituições da área da cultura da cidade, como a Fundação Cultural Badesc, Espaço Cultural BRDE, Galeria de Arte Municipal Pedro Paulo Vecchietti, Museu Victor Meirelles e Museu da Escola Catarinense (Mesc).

 

Últimos dias da mostra “Sintomas do Agora”

O lançamento do livro no Instituto Collaço Paulo permite também rever ou ver pela primeira vez, a mostra “Sintomas do Agora” que encerra em 14 de novembro. Ela reúne 48 obras, dois mapas e artefatos marajoaras. A iniciativa conta com o apoio do Serviço Social da Indústria (Sesi), o apoio cultural da Ibagy, Corporate Park e Paradigma Cine Arte, e o patrocínio da Prefeitura de Florianópolis por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes.

 

Serviço

O quê: Lançamento do livro “Memória, Legado e Resistência – 50 Anos da Associação Catarinense dos Artistas Plásticos”, de Néri Pedroso e Francine Goudel, autora convidada

Quando: 8.11.2025, 15h

Onde: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, rua Des. Pedro Silva, 2.568, bairro Coqueiros, Florianópolis (SC), tel.: (48) 3025-4058

Quanto: gratuito

 

Serviço

O quê: exposição “Sintomas do Agora”, curadoria de Francine Goudel

Quando: até 14.11.2025; seg. a sáb., 13h30 às 18h30

Onde: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, rua Des. Pedro Silva, 2.568, bairro Coqueiros, Florianópolis (SC), tel.: (48) 3025-4058

Quanto: gratuito

 

Realização: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação

Apoio: Sesi

Apoio Cultural: Ibagy, Corporate Park e Paradigma Cine Arte

Patrocínio: Esse projeto é totalmente patrocinado pela Prefeitura de Florianópolis, Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, e Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura nº 3659/91

 

Imagem: Néri Pedroso, Maria Esmênia e Gelsyr Ruiz – Foto Mario Oliveira

 

Pular para o conteúdo