No Instituto Collaço Paulo, crianças e jovens

aprendem a fazer leitura de obras artísticas

 

Tudo se modifica quando as crianças e os jovens chegam ao Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação. O ônibus estaciona e logo começam os gritinhos, os apupos, exclamações, perguntas, uma certa correria movida pela curiosidade tão típica nesta idade. História da arte e seu ensino, leituras de obras artísticas, conceitos, interdisciplinaridade, integração, aprendizagem lúdica, estímulo à imaginação infantil, o contato com a arte como uma nova experiência, uma coleção de arte no contexto de sua comunidade. Todas essas questões envolvem o Núcleo Educativo da instituição que tem recebido expressiva visitação desde a sua criação em 2022 no bairro Coqueiros, em Florianópolis.

Os números apontam, entre agosto de 2022 e março de 2024, cerca de 4 mil estudantes e professores atendidos, além de visitantes espontâneos. Além de Florianópolis, outras cidades como São José, Gaspar, São Joaquim, Joinville, Criciúma, entre outras, já se beneficiaram dos programas educativos que atendem sobretudo crianças e adolescentes por meio de uma coleção privada. O mais importante é que, distanciados das oportunidades de uma aprendizagem através da arte, muitos nunca entraram numa sala expositiva, não tiveram contato com obras artísticas seculares.

Neste período, com visitação gratuita, a instituição ofereceu três exposições, além da atual – “Etérea” que se estende até 29 de junho, ainda com possibilidades de agendamento para escolas, academias de saber, entidades do terceiro setor, universidades. A mostra transita entre o sagrado e a devoção, abarca religiões de matrizes distintas e obras do século 14 ao 21, algumas bem raras, como é o caso de um único Xavier das Conchas existente em Santa Catarina, artista que viveu por cerca de 33 anos na antiga Desterro, nome de Florianópolis no passado.

O Núcleo Educativo promove uma série de atividades para bem atender o público infanto-juvenil e manter uma conexão capaz de prender a atenção. As ações ofertadas envolvem oficinas – com diferentes estratégias como o uso de fotografia, tecidos, argila e outros materiais e propostas. Também incluem mediações, encontros de formação de professores, a criação de ferramentas interativas como “Flanar em Martinho de Haro” que, ao convidar por meio de um mapa a descobrir caminhos urbanos, aproximou arte e cidade; um quebra-cabeça na mostra de Elke Hering, além de jogos de palavras e outras iniciativas, enfim um campo aberto para experimentações e reflexões. Esses materiais estão disponíveis em www.institutocollacopaulo.com.br/educativo

 

O projeto de arte educação do instituto está inserido na Lei Municipal de Incentivo à Cultura (modalidade doação) e conta com o apoio do Serviço Social da Indústria (Sesi), o apoio cultural da Corporate Park, Ibagy e Paradigma Cine Arte, e o patrocínio da Prefeitura de Florianópolis por meio da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes. A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) também é parceira. No conjunto das iniciativas, a instituição disponibiliza ônibus para trazer as escolas do município de Florianópolis.

 

Desafio e abordagens diferenciadas

Como captar a atenção de jovens e crianças distanciados de museus e galerias, que nunca estiveram num espaço expositivo? O desafio da mediação, um momento de troca de informações em torno de um objeto artístico, está em criar envolvimentos, comunicação entre os estudantes, o espaço expositivo, o mediador e a obra de arte, diz Marcello Carpes, que atua no Instituto Collaço Paulo.

“Como estar em frente a obra e abrir uma conversa com ela? Por onde começar? O que ela quer dizer? Propor um lugar de construção coletiva dos sentidos diz respeito a estimular determinados olhares para que se possa permear possíveis entendimentos, não só da obra especificamente, mas também do artista, da composição curatorial, do espaço, do contato com os colegas, enfim, inúmeras possibilidades surgem no momento da mediação”, situa Carpes que defende o mediador como alguém que indica outras contextualizações para dar conta da complexidade da obra de arte, certo de que cada faixa etária necessita de uma abordagem diferente para o seu entendimento.

“O que vale pontuar são as perguntas com as quais podemos sair da exposição, não as respostas. O destaque está em como podemos criar envolvimentos e sair de uma mediação mais perguntando do que afirmando saberes artísticos, estilísticos ou somente estéticos.”

 

Ampliação de sentidos

Joana Amarante, coordenadora do Núcleo Educativo do instituto, lembra que se busca, através das imagens, ampliar seus sentidos. “Quem trabalha com mediação, sabe que cada grupo pode acessar de formas diversas e nos levar a caminhos diferentes, em outras, precisamos criar esses caminhos.”

Dos encontros realizados, uma mediação em específico deixou marcas, um processo divertido com uma turma da 2ª série do ensino fundamental, da Escola de Educação Básica Januária Teixeira da Rocha, uma das mais antigas de Florianópolis, localizada no bairro Campeche. “A ideia inicial era usar pequenas molduras como recurso para olhar as pinturas, mas ao deparar com o quadro Edgard Maxence (1871-1954), cuja moldura é também idealizada pelo artista, funcionando como uma janela, propus uma viagem ao tempo. As crianças embarcaram na ideia, o que permite acessar vários conhecimentos, criar outras narrativas impregnadas do nosso século.”

Em outra sala, há um simulacro de templo, com um vitral de origem europeia, na qual os arte educadores apagam as luzes por um instante, o que provoca espanto e frases como “Uau, deveria pintar tudo de colorido”.  

 

Serviço

O quê: exposição “Etérea”

Quando: Até 29.6.2023; seg. a sáb., 13h30 às 18h30

Onde: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, rua Des. Pedro Silva, 2.568, bairro Coqueiros, Florianópolis (SC)

Quanto: gratuito

 

Realização: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação

Apoio: Sesi

Apoio Cultural: Corporate Park, Ibagy e Paradigma Cine Arte

Patrocínio: Prefeitura de Florianópolis por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura (modalidade doação), Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes

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